O coração da Igreja



O coração foi, ao longo dos tempos, sendo identificado como o principal órgão do corpo humano. A ele são atribuídas, nas diversas culturas, dentre elas as sociedades judaico-cristãs, características como ser o princípio mantenedor da vida, ponto mais íntimo da personalidade humana, sede da inteligência e da piedade do homem. Mais que um órgão apenas somático, a palavra coração designa toda uma disposição interna da pessoa a ir além de seu aspecto puramente físico, relacionando-se consigo, com o outro e com Deus.

Um dos aspectos mais bonitos da devoção ao Sagrado Coração de Jesus é que ela realça de forma impressionante toda essa característica “humana”, presente no Filho de Deus. De fato, se o Cristo é inteiramente divino, uma vez que veio do Pai e a Ele está intimamente ligado, realçar a beleza de seu Coração é também proclamar que, embora seja Deus, ele é também inteiramente homem, como nós (exceto no pecado), humanidade na divindade. Jesus, para mostrar seus caminhos de justiça e retidão, deveria ter passado por todos os obstáculos que qualquer um de seus discípulos passava. E fez isso de modo perfeito, por ter um Coração manso e dócil à vontade do Pai.

É esse o modelo que a Igreja procura imitar em sua missão a todo instante, ainda que saiba ser inalcançável: arder de amor por Deus e pela humanidade, como Jesus, perpetuando a obra redentora através dos séculos. O Coração que é puro Amor pulsa não apenas no corpo de Cristo, mas no seu Corpo Místico, a Igreja. Nas palavras de Santa Teresinha: “Compreendi que, se a Igreja tinha corpo, composto de vários membros, não lhe faltava o mais necessário, o mais nobre de todos. Compreendi que a Igreja tinha coração, e que o coração era ardente de amor” (História de Uma Alma).

E é por isso que é muito importante que a devoção ao Sagrado Coração de Jesus seja cada vez mais difundida pelo mundo. Ao mesmo tempo em que ela é um convite pessoal para o homem associar o seu coração ao Dele, agindo livremente para, como Ele, fazer unicamente o bem em suas ações, ela é também uma proclamação da presença de Jesus na Igreja, à medida em que esta tem também um coração que pulsa de amor e é chamada a reunir todos os seus fiéis em torno do sublime mistério da Salvação.

José Mário Santana Barbosa


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