Ontem e hoje louvai a Maria



Os sinos da pequenina Matriz são repicados com grande profusão e por todo o vale se escuta: “cantemos todos com alegria; é mês de Maio, mês de Maria”. Em longas filas, menininhas vestidas de anjo de dirigem ao suntuoso templo para prestarem os louvores a Mãe de Deus. Tudo na simpática Vila para e todos mantêm os olhos fixos na procissão que se ergue da história contada, por uma testemunha ocular do fato, para o hoje, pois curiosos procuram saber das tradições locais que marcaram a vida dos que na terra entre serras construíram o seu viver.

Ao som das duas bandas que outrora existiram no vilarejo, Santa Cecília e São Vicente, o senhor vigário, Padre Hilário, de saudosa memória, aguarda ansioso a chegada do estandarte com Virgem Imaculada às portas da Igreja de uma torre só. Tudo é festa. As ladainhas recitadas em latim, desbancam a falta de fé que muitas vezes se instalara no coração daqueles que apáticos acompanhavam o sinuoso cortejo que desfilava pelas ruas de terra da Tugúrio da década de 50. Piedosas e marcadas pelos sofrimentos da vida, pessoas de todas as idades reconheciam que aquela bela Senhora pintada naquele branco estandarte era digna de respeito e louvor, pois a mesma teve a honra de carregar em seu ventre o corpo divino do Salvador. Tal honra e tal graça todos criam que a nenhuma outra mulher no mundo Deus Pai ofertou.

Após chegarem a pequenina matriz de Santa Bárbara, Padre Hilário, com grande zelo, rezava a Missa e oferecia a Deus Pai, por si e por todos, o Sacrifício Eucarístico que é o próprio Cristo. Ao término da Santa Missa, todos voltavam reverentes os olhares para a singela imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição e acompanhavam emocionados a coração da Mãe de Deus. “Meu Deus, quanta saudade desse tempo. Éramos todos educados a louvor a Nossa Senhora, rezávamos o terço em família e tínhamos um grande amor pela eucaristia.” Relembra a testemunha ocular do fato.

Hoje, não temos mais as procissões e nem mesmo as bandas. Já não temos o Padre Hilário a nos esperar às portas da antiga matriz. As meninas vestidas de anjo não mais caminham pelas ruas e nem sequer carregam o velho estandarte pintado à mão. Os tempos são outros. Muita coisa está diferente. A Vila virou cidade e não se chama mais apenas Tugúrio, mas sim, Santa Bárbara do Tugúrio. O progresso chegou e as ruas as quais anteontem eram de de terra deram lugar a um espeço asfalto. A manta negra de petróleo cobriu com pesadas e grossas camadas as pegadas deixadas pelas procissões de Maio.

Todavia, isso não foi o fim. A devoção a Santa Virgem sobreviveu aos anos e ao clarear do feliz 01 de Maio é possível escutar pelas ruas da Tugúrio atual o belíssimo coro formado por vozes de hoje miscigenadas às vozes de outrora: “cantemos todos com alegria; é mês de Maio, mês de Maria”. Com o coração exultante de alegria e repleto de emoção a nossa testemunha conclui dizendo: “ainda assim eu me vejo feliz. Os tempos são outros, mas Nossa Senhora é a mesma. As meninas que coroam são outras, mas a sensação de alegria é a mesma. Não importa onde e não importa como, o importante é louvar Maria, pois ela é a Mãe de Jesus e também a nossa mãe.”


Pedro Mendes
1º ano de Teologia -Etapa da Configuração

Comentários

  1. Parabéns Pedro, narativa brilhante, até consigo ver, um senhor de mais idade, assentado num dormente que tem pertoda praca da Matriz, putando seu cigarrinho de palha, olhar distante, lemvranso as quermesses de outrora. Precisamosrevigorar essa tão bela tradição que vai se perdendo !

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