Um coração para amar


 


“Aquele que não ama não conheceu a Deus, porque Deus é Amor. Nisto se manifestou o amor de Deus por nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo para que vivamos por Ele. Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas, foi ele quem nos amou e enviou-nos seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados” (1 Jo 4, 8-10).

 

A missão do coração é amar e encontrar no próximo um coração que ama, que sofre e que necessita ser acolhido. Nesse sentido, os Sagrados corações de Jesus e de Maria aprenderam a amar mesmo na dor e se tornaram consolo aos desamparados. Dessa maneira, não há outro coração que tenha sido tão flagelado quanto ao do próprio Cristo e não há um coração que tenha querido tanto cumprir com a vontade do Senhor como o de Maria. “Jesus é o Missionário do Pai: a sua Pessoa e a sua obra são, inteiramente, obediência à vontade do Pai [...]. Por sua vez, Jesus – crucificado e ressuscitado por nós –, no seu movimento de amor atrai-nos com o seu próprio Espírito, que anima a Igreja, torna-nos discípulos de Cristo e envia-nos em missão ao mundo e às nações” (Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões, em outubro de 2020). Da mesma forma, a missão nos chama a servir, porém, para isso, o coração daquele que busca pelo mais legítimo discipulado precisa se assemelhar ao coração d’Aquele que, por primeiro, se entregou inteiramente à missão de amar.  

A cada ano, a Igreja nos convida a celebrar o “ConSagrado” Coração de Maria e o Sagrado Coração de Jesus (no mês de junho) que sempre foram exemplos de desprendimento, em vista da missão maior de amor – “o Sagrado Coração de Jesus, trespassado pelos nossos pecados e para nossa salvação [...], é considerado sinal e símbolo por excelência... daquele amor com que o divino Redentor ama sem cessar o eterno Pai e todos os homens” (CIC 478). Missão que não condiz, simplesmente, com um amor como o que o mundo tenta tanto desfigurar, mas, com o Amor que se assemelha ao Coração de quem clamou até mesmo por aqueles que o descriminavam; que perdoou aquele que, também, na cruz, pediu que pudesse ser lembrado em vista do paraíso; e que derramou até a última gota de sangue por todos aqueles que clamassem pelo seu nome. Amor que foi gerado na carne, a fim de que os homens pudessem, ao menos, experimentar parte do extraordinário, parte do que pertence ao céu. “Quando a Igreja reza «Pai nosso que estais nos céus», professa que somos o povo de Deus já sentado nos céus em Cristo Jesus escondidos com Cristo em Deus e que, ao mesmo tempo, «gememos nesta tenda, ansiando por revestir-nos da nossa habitação celeste” (CIC 2796). Assim, estamos na carne, mas, devemos ansiar pelos céus.

O anúncio da Boa Nova é a missão primeira daqueles que são chamados por Deus. Consequentemente, estes devem anunciar a paz, levando aos mais necessitados a misericórdia que vem do coração do Pai. O Deus da Misericórdia é o mesmo que enviou seu próprio Filho em vista da remissão dos pecados e pela salvação dos fiéis, e da mesma maneira nos chama à missão de servi-Lo, enxergando nos olhos do próximo à sua própria Face. Dessa forma, a Igreja nos ensina que é missão de todo batizado a evangelização e, não pode ser cristão de verdade, aquele que não anuncia Cristo a todos que encontra. A Igreja é participante na Missão de salvação, sendo que Cristo é a Cabeça da Igreja que é o seu Corpo (Cl 1, 18a). “Com efeito, o corpo é um e, não obstante, tem muitos membros, mas, todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, formam um só corpo. Assim, também, acontece com Cristo, pois fomos todos batizados num só Espírito para ser um só corpo [...], mas, Deus, dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a sua vontade” (Cor 12, 12-13, 18).  

Levando em conta o contexto atual, o Senhor continua a nos convidar à missão e um coração reavivado pelo mesmo Espírito que direcionou a Cristo não pode deixar de anunciar a Palavra e, muito menos, de ser sinal de esperança e de paz. Em situações de grandes dificuldades, a verdade foi sempre caminho para o devido discernimento, sendo a história da Santa Igreja Católica um convite para buscarmos um pouco mais de esperança no homem e a certeza no Senhor que nunca desampara os seus. “À semelhança dos discípulos do Evangelho, fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda. Demo-nos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados, mas, ao mesmo tempo, importantes e necessários: todos chamados a remar juntos, todos carecidos de mútuo encorajamento (Papa Francisco, Meditação na Praça de São Pedro, 27/03/2020). Mutuo encorajamento que se torna dom daquele que busca no Senhor; unidade que deve ser a face da Igreja que se une em vista da missão de evangelizar; importância que é devida ao lugar de cada um que jamais será substituído e que, por isso, se faz necessária à sua presença na missão de amor e de comunhão de toda a Igreja. Dessa maneira, clamemos a Maria que interceda por nós para que, conciliados ao Sagrado Coração de seu Filho, estejamos dispostos ao serviço e desprendidos de nosso egoísmo, em vista de que, o próximo, desperte em nós o olhar amoroso de Cristo.


Maycon Aurélio - 1º ano da Etapa da Configuração

Arquidiocese de Mariana

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