Seminaristas da Arquidiocese de Mariana participam de formação missionária no Leste II


Adelson Clemente (4º ano de teologia)
Daniel Fernandes (2º ano de filosofia) 
                                                                                                                                      
Durante os dias 26 e 27 de maio, nós, seminaristas do Regional Leste II, estivemos reunidos em Belo Horizonte no 2º encontro formativo. Refletimos o tema “Discípulos missionários: do seminário para o mundo secularizado e pluricultural à luz do Concílio Vaticano II”. Fomos brilhantemente conduzidos à reflexão pelo sábio e lúcido padre Sávio Corinaldesi, secretário Nacional da Pontifícia União Missionária, que nos falou com entusiasmo e realismo sobre a missão e da urgência de sermos anunciadores do amor de Deus.            
            “Como mensageiros do amor de Deus os missionários precisam ser pessoas de diálogo com Deus e com os irmãos. Deste contato nascerão união, compreensão e a riqueza dos valores evangélicos. Como podemos dialogar com a realidade tão plural, cultural e religiosamente falando? Como ter o olhar de Jesus para as situações concretas e levar a Palavra de Deus contextualizada? O caminho a percorrer está diante de nós, cabe-nos interpretar os sinais e revelar o amor de Deus a todos que têm sede e fome da Palavra de Deus”, motivou-nos o assessor.
Dessa forma, para haver diálogo é preciso saber ouvir, deixar o outro falar. Para que isso aconteça, temos que ser portadores da verdade, mas não donos da verdade, e sim uma atitude de servos da verdade. Para isso, é preciso exercitar a capacidade de aproximar do outro com respeito, olhar para a pessoa, não pelo que ela é, mas sim, pelo que pode ser, sem desprezos e preconceitos. É preciso esquecer-se da história, dos problemas, dos defeitos como Jesus fez com Zaqueu. Jesus é o nosso modelo, basta vermos suas atitudes. Ele entra na casa de Levi e sai da casa de Mateus, entra na casa do cobrador de impostos, Zaqueu, e sai da casa de um discípulo. Quando escuto o outro com respeito, ele também escutará o que tenho para dizer. Surgirá, portanto, a compreensão, o anúncio e Boa Nova se presentificará.
A nossa Igreja está situada em um mundo que está em constante evolução, que cada vez mais se seculariza e as pessoas querem novidades, quando não encontram elas abandonam a Igreja. Portanto, o que mais cresce são os sem-religião, motivados por experiências negativas com os ministros, não gostam da “homilia” ou, então, o testemunho não convence. Assim, não adianta fazermos propagandas, missões, enquanto não apresentamos algo novo, que dê sentido para a existência da pessoa no contexto que ela se encontra.
            Pe Sávio salientou que “uma outra capacidade que precisamos exercitar é o olhar para a realidade. Visto que pensamos onde pisamos, o nosso coração ama o que vê.” Por isso, nas visitas é preciso entrarmos na casa de todos, vivermos sem privilégios, não buscarmos acomodações para não corrermos o risco de viver como privilegiados e não respeitarmos o envio de Jesus, consequentemente não anunciaremos o Reino de Deus. É preciso tomarmos cuidado para não nos esquecermos dos irmãos, que estão longe de nossos olhos. O outro com sua vida e testemunho nos coloca em nosso lugar, por isso devemos fugir das armadilhas, termos ousadia de ir às águas profundas, confiarmos no Mestre que chama e envia. Em nossa ação evangelizadora devemos ser aqueles que facilitam a vida, que acolhe o diferente, portadores de esperança para todos. Assim, contribuiremos para que o mundo seja glória de Deus e um mundo melhor. Já disse padre Zezinho em uma de suas canções: “Que o meu cansaço a outros descansem...”
            Ainda nas visitas, temos que descobrir constantemente a riqueza de sermos hóspedes. Viver como quem não tem domínio de si, humildes e simples, respeito à casa do outro, pois ela é chão sagrado, quem é visita deve ser alegre. Estas são, sem dúvida, características de quem se coloca a serviço do outro como portador da Palavra de Deus. Como hóspedes não temos nada a fazer, a não ser estarmos à disposição. Enfim, o anúncio se faz com testemunho, que deve ser dado no cotidiano da existência, onde nos encontramos e com quem nos encontramos. Assim, transmitiremos as verdades mais fundamentais da fé.
            Os bispos no Doc. de Aparecida alertam que devemos estar atentos às situações de sofrimento (DAp 65), sintonizados com a realidade, prestando ao outro uma amável atenção, escutarmos com interesse, compartilharmos horas, semanas e a vida. Estar no meio dos pobres e nas tarefas não ter medo de fracassar. Nossa missão é ser amigos daqueles que se encontram abandonados (DAp 397). Jesus nos convida a lavar os pés, a sermos seus imitadores, em quê? Quais as sujeiras a lavar? Conhecemos os problemas, a realidade? A questão não é vencer, mas ter a consciência tranquila de estarmos do lado certo.
            Em Mt 25 Jesus nos aponta o paradigma e é a partir dele que devemos nos portar na missão. Também em Lc 10,25 nos diz quem é o próximo e qual deve ser a nossa atitude. Devemos ser uma religião daqueles que param no caminho, como o Samaritano, para atender o próximo, pessoas que se preocupam com o outro. Não podemos ser surdos e cegos ao clamor dos que sofrem. E como dizia padre Sávio, “a vida de quem quer ser significativo deve ser austera, simples e alegre.” Imolar-se com alegria a cada dia com alegria, pois, nosso Mestre se imolou por nós.


Testemunho missionário dos Seminaristas
de Pouso Alegre



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